A perspectiva de novos negócios voltados para energia renovável e a sanção da Política Nacional de Resíduos Sólidos, em agosto do ano passado, estão despertando o interesse de empresas multinacionais. Representantes da Give (sigla para Green Independent Viable Energy, na sigla em inglês), empresa especializada na geração de eletricidade a partir de biomassa e biocombustíveis, com projetos em vários países, estiveram no Brasil na semana passada para avaliar as possibilidades do mercado brasileiro. A empresa está sendo representada pela Fratelli em conjunto coma HG Engenharia. Segundo Frank Corsini, economista fundador da empresa e ex-assessor da área de energia do Departamento de Comércio da Casa Branca, o Brasil avançou muito no processo de cogeração de energia elétrica a partir do bagaço da cana-de-açúcar. Mas pode fazer ainda mais. A Give tem projetos em países da África e América Latina de produção em escala industrial de etanol a partir do sorgo sacarino, voltado também para cogeração de energia elétrica. O sorgo sacarino tem o mesmo aspecto da milho, apesar de mais fino, podendo ser cultivado na entressafra da cana e colhido antes do processamento da safra canavieira. "Com alguns ajustes, poderia complementar perfeitamente a produção de etanol", afirma Corsini. "Com a vantagem de ser colhido no período em que a oferta do combustível a partir da cana for menor." Resíduos orgânicos Corsini cita outros projetos da Give de aproveitamento de resíduos orgânicos além do bagaço da cana e do sorgo. Na Grécia, por exemplo, a empresa produz "energia limpa" a partir do processamento do caroço de azeitona e pneus velhos, além de energia solar. No Haiti, país com problemas crônicos de abastecimento, a empresa obtém eletricidade de sorgo sacarino e cavacos de madeira, em projeto financiado pelo Fundo Clinton Bush, que coordena as doações para aquele país depois do terremoto. Em Gana, a empresa produz etanol e eletricidade em uma área de 36 mil acres cultivados com soja, sendo parte para eletricidade e parte para alimento. E no Panamá, a empresa está desenvolvendo uma plataforma de eletricidade e produção de etanol combustívelintegrada com a indústria de açúcar e rum. "Em todos esses países, o nosso objetivo é desenvolvera agricultura e a economia verde", afirma Orsini. Ele acredita que o Brasil deve aproveitar ainda a oportunidade oferecida agora coma regularização e aproveitamento dos aterros sanitários para biogás.
Fonte:
ABRAGEL – Associação Brasileira de Geração de Energia Limpa